Quando questionadas sobre qual seria seu emprego dos sonhos, essas são algumas das respostas que costumamos ouvir das pessoas. Algumas têm coragem para expor essas vontades. Outras sonham com isso secretamente, pois entendem que é pouca a possibilidade desse sonho se tornar real.
Porém, se pudéssemos trazer o tão falado emprego dos sonhos para uma realidade palpável, como ele seria? Existe um ideal tangível para emprego dos sonhos? Por mais difícil que seja acreditar, sim, existe. De primeira impressão, podemos pensar que ele se materialize na forma de ganhar dinheiro, benefícios, ter conforto. Mas conversando com os especialistas a respeito, descobrimos uma outra realidade; os profissionais não querem só bens materiais. Eles querem, na grande maioria das vezes, se sentir úteis, insubstituíveis, ter oportunidades de crescer e de contribuir. Eles querem desenvolvimento de carreira. Querem desafios.
Segundo Tânia Rodrigues, psicóloga com atuação em psicoterapia e orientação profissional, o emprego dos sonhos deveria ser aquele passível de realização, e com isso, compatível com o perfil e as competências da pessoa que sonha. “Se conseguirmos um equilíbrio entre o princípio da realidade (ela e seu atual emprego) e o princípio do prazer (ela e o seu emprego ideal), teremos condições de realizar nossos sonhos profissionais. O profissional deveria se questionar da seguinte forma: ‘qual o emprego dos meus sonhos diante das minhas prioridades, e o que eu preciso desenvolver para conquistá-lo?’”, diz Tânia.
Isso mostra que o sonho profissional é conquistável. Porém, é importante realçar que ele depende de muito autoconhecimento. Se a pessoa conhece suas características, seus pontos fortes e fracos, seus anseios, suas prioridades, ela poderá desenhar esse sonho de forma a ser mais compatível com sua realidade, e, dessa forma, identificar uma estratégia para alcançá-lo.
Ruy Shiozawa, CEO do Instituto Great Place to Work, que avalia funcionários e empregadores para entender o que torna um ambiente excelente para se trabalhar, diz que quando perguntam para as pessoas ‘o que te faz querer permanecer aqui nessa empresa?’, a resposta com maior incidência é: oportunidade de desenvolvimento de carreira. E para ele, isso é um ideal tangível. “O que as pessoas apontam não é salário, não é número, não é benefício. Elas querem, de fato, oportunidade de se desenvolver. E isso não necessariamente envolve aumento de cargo ou de salário. Mas, oportunidade profissional para darem o melhor de si, para utilizar toda a sua capacidade”, informa.
Oportunidade de desenvolvimento de carreira implica em obter novos desafios. Segundo as pesquisas, os profissionais querem sentir que estão aproveitando suas habilidades, competências, e que podem sonhar, vislumbrar, que ali está uma possibilidade real de evolução. “Por esse motivo, construir um bom ambiente de trabalho não depende do porte ou tamanho de empresa. Senão estaríamos dizendo que uma empresa maior oferece mais oportunidades de crescimento para seus funcionários, o que não é verdade. Você pode ter uma empresa pequena, mas que seja muito apreciada por ser funcionários, pois eles percebem que lá podem ser eles mesmos, aplicar seus conhecimentos. Percebem que são estimulados, e isso é que é desenvolvimento. Claro que as pessoas gostam de cargos e de altos salários. Mas se fosse só isso, o que aconteceria é que elas se sentiriam muito alegres e realizadas no primeiro momento, mas logo depois essa sensação iria acabar. Quando a oportunidade de crescer é real, ela independe de cargos. Ela está lá sempre. É uma diferença sutil, mas importante”, explica Ruy.
Também é preciso considerar que o conceito de emprego dos sonhos realizável varia de uma pessoa que está entrando no mercado de trabalho agora para outra já mais experiente. Segundo Tânia, isso acontece pois as expectativas e necessidades de uma pessoa em começo de carreira são bem diferentes dos objetivos daqueles já experientes na profissão. “No primeiro caso, o profissional está, geralmente, focado nas oportunidades de aprendizado, na diversidade de experiências e no crescimento profissional. No segundo, ele privilegia a identificação dos seus valores com a empresa, na qualidade de vida, na relação positiva (custo/benefício) entre empresa e colaborador, e, claro, no seu desenvolvimento”, diz ela.
Tânia e Ruy concordam que, muito do que se pensa ser o emprego dos sonhos, tem a ver com a satisfação para com o lugar em que se trabalha. Tânia diz que, como nós, seres humanos, somos insatisfeitos por natureza, o fator mais determinante seria a insatisfação; o que nos falta no lugar atual será o que ansiamos em um novo lugar, ou novo papel. E a satisfação do funcionário para com a empresa, assim como o grau de maturidade do funcionário para lidar com as insatisfações, influenciam na estabilidade profissional.
Dentro dessa relação, Ruy julga ser importante observar que um profissional pode gostar muito da empresa em que trabalha, pois ela tem uma marca forte, é reconhecida no mercado, mas caso seu líder imediato seja uma pessoa que não dá oportunidade, não o estimula a desenvolver-se, ele será capaz de abandonar o emprego mesmo sabendo que a empresa é excelente. “O nome, a marca da empresa, o que ela faz, é claro que são aspectos importantes, mas a relação com a chefia imediata, com o líder direto, ainda é muito mais. Isso é muito relevante ao se falar sobre lugares ideais para trabalhar e emprego dos sonhos”, diz Ruy.
Segundo as pesquisas de Ruy e do instituto Great Place to Work, uma empresa excelente para se trabalhar é caracterizada por três grandes dimensões: o profissional confia nas pessoas para quem trabalha (esfera da confiança, que compreende a relação entre o funcionário e seu líder imediato), ele tem orgulho do trabalho que realiza e da empresa para que trabalha (esfera do orgulho, da relação entre o profissional e seu trabalho em si) e tem bom relacionamento com os colegas, existe espírito de equipe (esfera da camaradagem e das relações interpessoais). Tudo isso faz com que o profissional deseje estar numa empresa e, estando lá, se sinta feliz e realizado.
De fato, é muito difícil agradar o ser humano. Temos a tendência a, assim que conquistamos um objetivo, ficarmos insatisfeito de novo. Pensando nisso, poderíamos definir o emprego dos sonhos como aquele que proporcionasse ao profissional um desafio novo todos os dias. Porém, conforme a psicóloga Tânia, nem todas as pessoas gostam de estar sempre frente a novos desafios, e apesar da felicidade ser um conceito subjetivo, ela é, de certa forma, efêmera. “Porém, enquanto o indivíduo se sentir feliz no emprego, este é o emprego ideal (ou o mais próximo do chamado emprego dos sonhos)”, finaliza.
http://www.administradores.com.br/noticias/como_conquistar_o_emprego_dos_sonhos/27429/
Por Julianna Leite :}
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