Se, após todo o passeio pelo debate agora travado por pensadores de variadas disciplinas, chegamos à conclusão de que há de errado com a teoria econômica convencional é a ideia de que invariavelmente fazemos escolhas racionais, então temos um problema. Que cara pode ter uma “nova economia” baseada em traços psicológicos inconstantes por definição? Que mudanças esperar nos planos teórico e prático?
“Acho que modelos com informação imperfeita, que trabalham com racionalidade limitada vão se destacar”, afirmou Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia em 2001, a Época Negócios. Professor de teoria econômica na Universidade Columbia e ex-presidente do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, Stiglitz busca inspirações até na engenharia eletrônica de rede. “Nesses sistemas integrados, qualquer aumento de força em um ponto pode derrubar todo o sistema. A matemática que a maioria dos economistas usa nunca poderia aceitar esse tipo de evento. Mas quando você olha para a crise atual, vê que um problema em uma parte do sistema contamina todo ele.”
Em termos práticos, é provável que o diagnóstico comece com a troca de termômetro. Índices de confiança do consumidor, como o divulgado mensalmente pela Universidade de Michigan, tendem a ganhar espaço na formulação de políticas econômicas. Não por acaso, este indicador foi idealizado por um psicólogo, George Katona. Índices consagrados pelo uso, como os preços ao consumidor, continuarão relevantes- mas é provável que não se construam mais modelos rígidos a partir deles. Como o regime de metas de inflação, bem conhecido dos brasileiros.
Investidores também terão de ser melhor compreendidos- e melhor informados- pelo mercado financeiro. Isso pressupõe reguladores mais paternalistas, que entendam que somos propensos a errar, e firmas de investimento mais transparentes. “Hoje em dia, serviços de assessoria em assuntos financeiros são oferecidos apenas por pessoas interessadas em vender produtos financeiros específicos. Corretores de ações e corretores de imóveis são recompensados por fazer recomendações que nem sempre são adequadas para as pessoas”, afirma Robert Shiller. “Minha sugestão é que o governo subsidie esse tipo de serviço, para estimular o nascimento de uma indústria de assessores financeiros que sejam desinteressados e deem segurança às pessoas.”
Este talvez seja o ponto central de toda esta discussão. “Nós agora entendemos que é preciso ter um papel para o governo”, diz Stiglitz. “Mas temos de saber que o papel é este.” Psicólogos e neurocientistas se apresentam para ajudar.
Fonte: Época Negócios- out/2009.
Postado por Caroline Beatriz.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário