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domingo, 29 de novembro de 2009

HIERARQUIA ORIENTAL







No sistema chinês de trabalho, só é possível implantar uma ideia após convencer o chefe de que ele é o coautor
Imagine o mais arrojado conjunto de arranha-céus do planeta. Agora pense em uma vila de pescadores onde as pessoas pescam o próprio jantar. Apesar de parecerem mundos opostos, essas duas realidades se fundem na paisagem de Hong Kong. Bem-vindo à China!
Considerando que me mudaria para um lugar tão diferente, antes de aterrissar no país li vários livros sobre a cultura e a história chinesas. Também fiz um curso de aculturamento com um americano que viveu mais de 35 anos no país. Essa lição de casa foi fundamental. Fiquei muito mais preparado para lidar com situações de rotina e interpretar as reações das pessoas.
Logo de cara, a alimentação chinesa foi um forte sinal da necessidade de me adaptar a novos costumes. Para demonstrar abertura e simpatia aos novos companheiros de trabalho, logo no primeiro jantar comi inúmeros pés de galinha, língua de pato e outras especialidades que achei melhor não perguntar o que eram. E descobri que água-viva é um alimento duro de comer. Consola saber que faz bem para as articulações.
Numa das primeiras viagens para o interior, vivenciei situações inusitadas. Num vilarejo ao norte, onde carne de cachorro é parte das iguarias regionais, percebi que um grupo de crianças me olhava com atenção e ria muito. Uma delas se aproximou e se arriscou a me tocar, falando alguma coisa que obviamente não entendi. Mas me senti um astro de Hollywood. Perguntei ao meu colega, um chinês fluente em inglês, o que ela tinha dito. Para minha decepção, as crianças estavam se contorcendo de rir porque me achavam muito feio. Nas inúmeras viagens que fiz ao interior, essa era a reação de muitas pessoas, porque é difícil para elas verem pessoas com traços ocidentais, até mesmo na TV.
Entrar na cultura chinesa e conseguir agir conforme a sua lógica própria é a diferença entre o sucesso e o fracasso dentro de uma empresa. A hierarquia é o pretinho básico do sistema de trabalho, uma vez que a cultura chinesa é bastante patriarcal. Para implementar nova práticas, por exemplo, é necessário conquistar as pessoas de alta credibilidade na organização e envolvê-las, para que achem que também foram autoras da ideia. Também é preciso ter muito tato na hora de sugerir mudanças. Os comentários devem ser relacionados às boas práticas já existentes, para depois questionar sobre o que acham que deve ser mudado. Aí conquista-se o direito de propor algo. Esse tipo de diplomacia é essencial para não gerar uma situação ruim dentro da empresa- muito pior do que ter de comer pé de galinha.

Fonte: Época Negócios, artigo de André Cordeiro- Out/2009.
Postado por Caroline Beatriz.

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